MIGUEL G.
★ 22/06/2015
miguel ferreira garcia,
nosso amado filho peludo...saudades!!!
vencido pela profunda angústia da minha mágoa, despertei quando o jovem rosto da manhã adornado de luz e o mar de nuvens viajeiras, me convidaram para o banquete do dia. levantei e percebi que não fora um pesadelo...
a presença da sua ausência era a mais pura e triste realidade...
não sei dizer ao certo se é a presença da ausência ou a ausência da presença, ou, talvez seja, simplesmente, saudade...
lá fora tudo respirava perfume e os braços do vento, carregando o pólen da vida, cantavam nos ramos do arvoredo delicada canção...
saí a correr, tentando fugir da furna escura dos meus padecimentos. a presença invisível do bem-amado fazia-me arder em febre de ansiedade, enquanto os pés ligeiros das horas corriam à frente impondo-me fadiga e desconforto...
embriagado pela saudade, meu ser ansiava pela paz...
em vão tentei exaurir as forças para livrar-me da dor, mas não lograva libertar-me do punhal da melancolia cravado no coração, e da lembrança da sua ausência...
quando, enfim, a tarde se escondeu ao longe das montanhas altaneiras, outra vez tombei em mim mesmo, extenuado e só...
naquele momento desejei que o todo poderoso me dominasse com os fortes recursos da soberana misericórdia, livrando-me de mim mesmo...
parecia que não mais suportaria o espinho da saudade cravado em meu peito, já dorido e exausto...
a ausência da sua presença queimava as fibras mais sutis da minha alma. e a presença da sua ausência feria-me o coração dilacerado e só...
a noite devorou o dia, e, ao escancarar a sua boca negra, mostrou a primeira estrela engastada no manto escuro, vencendo as sombras...
minutos depois, miríades de astros brilhantes compuseram o diadema da vitória total da luz...
só então, solitário e meditativo, compreendi como a minha canção de dor chegara ao ouvidos do criador, que me respondeu em vibrações fulgurantes de esperanças à distância...
só então compreendi que não há escuridão que resista a um simples raio de luz, e decidi acender a chama da esperança em minha alma. e, só então, pude ouvir o sublime cancioneiro do silêncio e suas melodias repletas de sons e paz, convidando-me a confiar em seu infinito poder e entregar-me aos braços suaves da esperança...
se o manto escuro da saudade pesa sobre os seus ombros, ilumine-se com as pérolas da oração sincera em favor do bem-amado que partiu. preencha a ausência da presença com a lembrança dos momentos compartilhados nas horas alegres, e confie no reencontro feliz.
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