TIA PRETA
Pro meu tio era “carça larga”, pra minha tia “preta fosca”, pra mim e desde sempre, Tia Preta. Tia porque ja veio pra casa era mais velha, dava lições de moral nos cães, não gostava quando faziam bagunça perto dela. Ranzinza. Eu não queria ela, ja tinha tantos cães, mas fiquei com pena porque ela tinha sido rejeitada duas vezes. Ela não era má cachorra. As pessoas eram.
Hoje depois que ela partiu eu fiquei pensando nas coisas que eu reparava mas não dava importância quando ela ainda estava aqui. Ela nunca corria. Andava, sempre com passos calmos, mesmo quando todos corriam. Comia muito, sempre e bem. Nunca recusou comida. Latia e implicava com tudo. E mais recente, dois dias antes de ela ir, rolava na grama, barriguinha pra cima, fazia um barulho engraçado, não sei de que. Eu sentia o cheiro dela como sentia de todos os meus. Cheiro bom de chips. Ultimamente quando cheirava sentia cheiro de cão velhinho…. Só ali eu vi que o tempo tinha passado. Não sei nem há quantos anos estávamos juntas. Envelhecemos juntas. Ela se foi, conforme a vontade de Deus e lei da vida. Os cães vão antes porque já nascem sabendo amar. Espero ter aprendido mais um pouco com ela. 11/09/2025
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